quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar

 


Luís Sepúlveda foi um escritor, realizador, jornalista e ativista político chileno. Nasceu a 4 de outubro de 1949 no Chile e faleceu a 16 de abril de 2020 em Oviedo, Espanha. A sua bibliografia, com mais de 20 títulos, inclui livros reconhecidos mundialmente como “O velho que escrevia romances de amor” e “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, ambos adaptados ao cinema.

E é mesmo esta última obra que escolhi para apresentar, pois é um dos meus livros preferidos. A obra “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar” é uma fábula em que podemos ver nos animais os princípios básicos da vida humana: valores como honrar os compromissos assumidos; a valorização do espírito de grupo e da amizade; o respeito pela diferença; o poder do saber e da harmonia entre as espécies; a preservação do ambiente e a defesa dos direitos dos animais. Valores tão esquecidos, tão deturpados e tão desprezados atualmente. E foi precisamente por isso que escolhi este livro.

Zorbas, um gato grande preto e gordo, mora perto do porto de Hamburgo e, durante umas férias, fica sozinho em casa. Um dia, aterra na sua varanda uma gaivota moribunda, apanhada por uma maré negra. Antes de morrer, esta põe um ovo e obriga Zorbas a assumir três promessas: não comer o ovo, tomar conta da sua cria e ensiná-la a voar. Sem compreender a responsabilidade e a dificuldade da sua missão, Zorbas concorda, empenhando-se na educação da gaivota, Ditosa, com a ajuda dos seus fiéis amigos. Através das informações das enciclopédias de Sabetudo e a boa vontade do grupo, juntamente com o sentido de dever e de honrar a palavra dada, os gatos têm pela frente uma difícil tarefa, cheia de peripécias para levar a cabo a tarefa de educar Ditosa.

Ditosa é bem aceite e acarinhada pelo grupo, e, consequentemente, começa a achar que é um gato também. Assim, é com estranheza que vê os esforços dos amigos em educá-la e transformá-la numa verdadeira gaivota. No entanto, a sua verdadeira natureza prevalece e, também, ela sente o desejo de voar. Numa noite chuvosa, com a ajuda de um humano, o Poeta, Ditosa finalmente abre as suas asas, segue o seu destino e voa, deixando Zorbas emocionado, mas feliz, porque a sua amiga segue o seu caminho e ele cumpriu a sua palavra de gato.

Esta fábula é uma história fantástica de amizade e perseverança, uma mensagem de esperança: ao preparar a gaivota para a vida e conduzi-la no melhor caminho, enfrentando várias aventuras e dificuldades, Zorbas mostra-nos que a convivência entre mundos diferentes é possível. As personagens animais espelham a Humanidade, são o nosso reflexo e representam a integração necessária a uma humanidade cada vez mais focada e fechada em si mesma.

Devemos aprender com a gaivota a deixar ir, a voar para tentar realizar os nossos sonhos, e com o gato a amar o outro, o que aparentemente é diferente de nós, porque “Só voa quem se atreve a fazê-lo.”

Rita Freitas
(Docente de Inglês)

 

A sopa de pedra

 


No âmbito do Plano de Leitura do Agrupamento de Vilela, a turma do 6.º VA escolheu o livro "A Sopa da Pedra", da autoria de Miguel Borges.

Miguel Borges é um escritor contemporâneo, nascido a 26 de janeiro de 1973, na cidade de Le Havre, em França. No entanto, ainda criança, veio para Portugal, onde cresceu na aldeia de Pinheiro Velho, em Vinhais (Trás-os-Montes). Além de ser escritor, é professor do primeiro ciclo e contador de histórias, tendo também publicado diversos livros de apoio ao estudo. A ilustração do livro ficou a cargo de Carla Anjos, nascida a 18 de setembro de 1970. Formou-se em Design de Comunicação Visual e, em 2010, abriu o seu próprio ateliê em Penafiel.

O livro apresenta-nos a história de um menino que vivia numa aldeia até ao momento em que os seus pais decidiram mudar-se para a cidade. Ele prometeu às tias que voltaria durante as férias escolares, mas, com o tempo, percebeu que isso não aconteceria, pois as suas férias nunca coincidiam com as dos pais.

Apesar de ter tudo o que precisava, o menino não se sentia verdadeiramente feliz. Decidiu, então, partir numa viagem em busca da felicidade. Durante o percurso, ao anoitecer, encontrou uma pequena aldeia e começou a pedir comida e abrigo de porta em porta. Contudo, todos lhe diziam que não tinham nada para oferecer. Foi então que, ao chegar à última casa, teve uma ideia inesperada: disse rapidamente que iria preparar uma sopa deliciosa. Pegou num pote, encheu-o de água e colocou lá dentro… uma pedra!

A turma do 6.º VA recomenda vivamente este livro a todos os colegas, professores e amigos. Esta história transmite uma mensagem valiosa sobre a importância da solidariedade e da vida em sociedade. Muitas vezes, só precisamos de um pequeno incentivo para conseguirmos fazer a diferença.


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Trabalho realizado pela turma 6VA:

Afonso Leal; Afonso Silva; Ana Barbosa; António Pereira; Carlos Cunha; César Barros; Daniel Moreira; Diego Carneiro; Eva Neto; Fernanda Silva; Gonçalo Seabra; Guilherem Carvalho; Letícia Trabuco; Marcelo Almeida; Maria Francisca Brito; Mariana carneiro; Martim Silva; Pedro Moura e Simão Barros 


terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

O Galo da Velha Luciana

 


Esta história relata os laços de amizade, criados entre a velha Luciana que morava numa pequena aldeia no Lugar da Ordem e o seu “estranhíssimo” galo.

Na serra do Marão, numa terra rodeada de hortas, campos e casas velhas, a velha Luciana, passava  o seu dia a dia, cuidando  das suas galinhas. Como sempre, todos os anos colocava uma dúzia e meia de ovos para serem chocados. Depois de nascer a sua ninhada e, quando já estavam bem crescidos, a velha ia até à feira local e vendia a referida ninhada. Com o dinheiro recebido, comprava uma saia, um lenço para a cabeça e tudo o que conseguia, dentro do que precisava para se governar durante aquele ano.

Na última ninhada, algo estranho aconteceu porque só nasceu um pinto e muito diferente. Não tinha pelos nem penas e também não piava.

A velha Luciana ficou tão desiludida que não quis saber daquele pinto solitário. Até que, numa fria tarde de março, a velha resolveu acender a lareira e adormeceu junto ao lume. Uma fagulha soltou-se e veio incendiar a saia da velha. Logo, o galo solitário deu conta e correu a picar as pernas da sua dona, acordando –a e  livrando-a de morrer queimada.

A partir desse dia, a velha Luciana começou a tratar muito bem o seu galo, a quem passou a chamar de “galaró”. As suas penas cresceram, o bico mudou de cor e agora até já cantava, levantando a asa e a crista roxa.

Os vizinhos ficaram muito admirados e sugeriram que o vendesse pois iria fazer um bom dinheiro.

Contudo, a velha não seguiu os conselhos dos vizinhos e decidiu ficar com o seu fiel e amigo galo “galaró”.


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Trabalho realizado pela turma 4CB:

André Queirós, Beatriz Machado, Beatriz Leal, Bianca Campos, Carlos Moreira, Francelina Oliveira, Francisco Ferreira, Gabriel Silva, Gabriel Costa, Henzo Thomaz, Hugo Leal, Íris Nunes, Letícia Santos, Maria Silva, Martim Sousa, Pedro Daniel Oliveira, Pedro Dias, Pedro Miguel Oliveira, Rafael Almeida e Rita Amaral

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

A Sombra do Vento

 


A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, é mais do que um simples romance; é uma obra que nos envolve em um labirinto de mistérios, literatura e emoções profundas. Ambientado na Barcelona do pós-guerra, o livro conduz- nos por ruas sombrias e cheias de segredos, onde a literatura tem o poder de transformar vidas e revelar verdades ocultas. 

A história de Daniel Sempere, um menino que descobre um livro raro e se vê envolvido em uma trama perigosa para proteger a sua história, é uma metáfora poderosa sobre o impacto que as palavras e os livros têm sobre nós. O Cemitério dos Livros Esquecidos, um dos cenários mais marcantes da obra, representa a imortalidade da literatura e a maneira como cada livro guarda não apenas histórias fictícias, mas também fragmentos das almas que os escreveram e daqueles que os leem. 

O romance faz-nos refletir sobre a natureza do destino e das nossas escolhas. Assim como Daniel encontra o livro de Julián Carax por acaso, muitas vezes esbarramos em histórias que nos marcam e moldam a nossa visão do mundo. A narrativa também traz à tona temas como o amor, a perda e a busca incessante pela verdade, mostrando que as sombras do passado sempre encontram uma forma de influenciar o presente. 

Outro ponto de reflexão é a dualidade entre luz e escuridão. Zafón constrói personagens complexas, cujas vidas são marcadas por tragédias, paixões e segredos. Julián Carax e Daniel Sempere partilham mais do que uma ligação literária; eles são reflexos um do outro, separados pelo tempo, mas unidos pelo mesmo desejo de compreender o amor e a dor. 

Ler A Sombra do Vento é mergulhar em um universo onde a literatura e a vida se entrelaçam de forma inseparável. A história lembra-nos que os livros não são apenas objetos, mas portais para outras realidades, que nos podem fazer questionar sobre quem somos e o que deixaremos para trás. Como Zafón nos mostra, enquanto houver alguém para lembrar uma história, ela jamais será esquecida. 

O Cemitério dos Livros Esquecidos é uma tetralogia, “O jogo do anjo”, “O prisioneiro do céu”, e “O labirinto dos espíritos”, que pode ser lida pela ordem que o leitor quiser. É uma aventura que, quando iniciada, não pode parar.

Cristina Calvão
Docente de Biologia e Geologia
Coordenadora do Projeto de Educação para a Saúde

O Principezinho

 


Descobre a magia de "O Principezinho"! Com personagens cativantes, ilustrações criativas e mensagens profundas, este clássico de Antoine de Saint-Exupéry continua a encantar leitores de todas as idades e é um dos livros mais traduzidos e lidos em todo o mundo. 
Já imaginaste viajar pelo universo e aprender lições para a vida inteira? "O Principezinho" não é apenas um livro – é uma viagem emocionante pelo coração humano. 
Nesta história inesquecível, um pequeno príncipe, vindo de um asteroide, encontra um aviador perdido no deserto e, juntos, exploram temas como a amizade, o amor e o verdadeiro significado da vida. O autor foi, também ele, piloto, pelo que podes encontrar referências biográficas na tua leitura.
"O Principezinho" desafia-nos a ver o mundo com os olhos do coração. Não percas esta oportunidade de refletir sobre o que realmente importa, "Porque todas as pessoas crescidas já foram crianças"!
Estás pronto para embarcar nesta aventura inesquecível?
Lê e descobre a razão deste livro continuar a emocionar gerações.


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Trabalho Realizado pela turma 9VC:


Ângelo Leal; Dinis Brito; Eliandro Marinheiro; Emanuel Ventura; Gabriel Oliveira; Gabriel Almeida; Gonçalo Ferreira; Hélder Nunes; Lara Santos; Lara Guimarães; Luciano Leal; Mariana Pacheco; Rui Rocha; Vânia Ferreira e  Vítor Pereira
 

A mulher à janela


A Mulher à Janela, do autor A.J. Finn é um livro do género thriller psicológico que narra a história de Anna Fox, uma psicóloga infantil que vive isolada na sua casa em Nova Iorque. Esta psicóloga desenvolve um quadro clínico designado de “agorafobia”, síndrome que a impede de sair de casa e de socializar. A sua vida, sem grandes acontecimentos, passa a ser marcada pela observação constante dos vizinhos, através de uma janela. E é esta janela que dá o título e cenário ao desenrolar da ação. Anna passa os dias a beber, a ver filmes antigos e a observar a família Russell, que, entretanto, se mudou para a casa ao lado.

Tudo se altera quando Anna acredita ter assistido a um crime na casa dos Russells: o assassinato de Jane, a esposa da família vizinha. Contudo, quando tenta alertar as autoridades, ninguém acredita nela, uma vez que a sua história começa a ser posta em causa, dado o seu problema clínico. A polícia duvida da credibilidade do seu testemunho, já que Anna sofre de “agorafobia” e está frequentemente sob o efeito do álcool e medicamentos.

À medida que a história avança, Anna entra numa busca desesperada pela verdade, enfrentando os seus próprios medos enquanto tenta descobrir o que realmente aconteceu. O enredo do livro mantém o leitor em constante suspense, com muitas reviravoltas inesperadas que vão revelando segredos mais obscuros. “A Mulher à Janela” é uma obra que explora temas aliados à vivência de indivíduos com certos problemas psicológicos, como; a paranoia, a solidão e a fragilidade da mente humana. A narrativa desenrola-se como muitos mistérios a desvendar pelo leitor, que é incitado a vencer as suas dúvidas e a entrar num mundo que o desafia a tentar compreender a complexidade da mente humana e a forma como esta interfere no modo como percecionamos a realidade.

Aconselha-se vivamente a leitura deste livro a quem quiser ser surpreendido pelo que há de misterioso na mente humana e na forma como esta condiciona o nosso comportamento e a nossa visão do mundo. É ainda uma luta de superação e de resiliência que o leitor poderá acompanhar do início ao fim da leitura.


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Trabalho realizado pela turma 12VB:

Beatriz Costa; Beatriz Silva; Beatriz Barros; Bruno Rodrigues; Carolina Brandão; Edna Pereira; Guilherme Meireles; Leonor Leal; Sandra Carvalho; Sara Neto e Simone Martins



A arte da guerra



Descobre a sabedoria intemporal de A Arte da Guerra

Já imaginaste um livro escrito há mais de dois mil anos que ainda hoje é lido e estudado por líderes, atletas, empresários e estudantes como tu?

A Arte da Guerra, de Sun Tzu, não é apenas um manual de estratégia militar – é um verdadeiro guia para vencer desafios e tomar boas decisões, seja no desporto, nos estudos ou na vida.

Sun Tzu foi um estratega brilhante que viveu na China antiga e reuniu neste pequeno livro ensinamentos que vão muito além do campo de batalha. Ele explica, por exemplo, que o verdadeiro vencedor não é necessariamente o mais forte, mas sim aquele que sabe avaliar bem a situação, reconhecer as suas forças e fraquezas e agir com sabedoria.

Afinal, quem nunca sentiu que a escola ou a vida são como uma batalha onde é preciso estratégia para alcançar os objetivos? Entre os seus conselhos mais valiosos, Sun Tzu ensina-nos que a preparação é essencial. Ensina-nos que quem se antecipa aos problemas tem mais hipóteses de ter sucesso e que a união faz a força. Uma equipa bem organizada vence qualquer desafio. A melhor forma de vencer é evitar conflitos desnecessários, usando a inteligência em vez da força bruta.

Apesar de ter sido escrito num contexto militar, A Arte da Guerra é um livro que pode ser aplicado a qualquer situação da vida. As suas lições ajudam-nos a lidar com dificuldades, a compreender melhor os outros e a tomar decisões mais acertadas. É um livro de leitura acessível e cheio de frases marcantes que nos fazem refletir e crescer.

Se procuras um livro que te ensine a pensar estrategicamente e a enfrentar desafios com confiança, A Arte da Guerra é uma escolha perfeita. E quem sabe? Talvez encontres nele a inspiração que precisas para a tua próxima grande conquista!


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Trabalho realizado pela turma 12TGPSI:

Alexandre Coelho; Cristiano Venda; Daniel Mesquita; David Nunes; Dinis Bessa; Diogo Moreira; Francisco Silva; Francisco Lopes; Gonçalo Fernandes; Gonçalo Barbosa; Isaac Alves; Kalbe Lima; Paulo Ribeiro; Pedro Pereira; Rafael Santos; Tiago Nunes; Tiago Andrade e  Tomás Ventura

O monstro que veio do gelo


Autor: David Williams

Título: “O Monstro que veio do gelo”

Editora: Porto Editora

Local e Data de Edição: 1ª edição de outubro de 2019, no Porto

Ilustrador: Tony Ross

Género ou tipo de texto: Aventura

Reconto

Elsie, uma órfã, estava no peitoral da janela do orfanato onde vivia e, numa noite, decidiu fugir. Deslocou-se até o Museu de História Natural e explorou-o até que encontrou a dona da limpeza, chamada Totinha, que tinha a inteligência de uma esfregona. Ao percorrer o museu, Elsie e a dona encontraram também um mamute lanudo. Entretanto, encontraram um professor que fugia para o laboratório. Esse professor tinha sido o melhor cientista do museu, e todos começaram a pensar numa solução para levar o mamute até à sua casa.A primeira solução foi pedir a um grupo de cinco meninos que se chamavam “Mãos Pegajosas” para tentar apanhar mil lenços, e, assim, conseguir fazer um balão de ar quente para levar o mamute para casa, mas essa solução não funcionou.
NA segunda solução foi chamar os antigos homens da marinha que permaneciam no hospital para pegar um barco do porto e navegar por alto-mar até a casa do mamute. Quando estavam a navegar, encontraram um bando de piratas, mas isso não os impediu de chegar até a ilha do mamute, onde se encontrava o resto da sua família. Esta solução funcionou.

Situações Relevantes


Fugir do orfanato

Quando Elsie vai para o museu de história natural e encontra o mamute.

Quando Elsie encontra a dona da limpeza e vão atrás do cientista.

Quando Elsie e o cientista constroem o balão de ar quente.

Quando Elsie viaja em alto-mar para levar o mamute a casa.

 


Comentário Pessoal       

O Monstro que Veio do Gelo", de David Williams, é uma obra que mistura humor e aventura de uma forma cativante.

 A história aborda temas como amizade, coragem e a aceitação das diferenças. Além disso, a narrativa é divertida e as personagens excêntricas proporcionam momentos de reflexão sobre a importância de não julgar os outros pela aparência.

A escrita de Williams é envolvente, o que torna a leitura agradável para todas as idades.

Foi interessante discutir como a obra nos faz rir, mas também nos ensina lições valiosas sobre empatia e compreensão.


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Trabalho realizado pela turma 6RB:

Anais Soares; Arthur Turolla; Diana Peixoto; Gonçalo Bessa; João Coelho; Luana Oliveira; Mafalda Ferreira; Mara Sousa; Maria Inês Melo; Maria Barbosa; Martim Barbosa; Martina Salgado; Matilde Nogueira; Matilde Sousa; Mel Soares; Nádia Ferreira; Naiara Barbosa; Rodrigo Martins; Rubens Conde; Tomás Ribeiro e Miguel Fernandes


sábado, 22 de fevereiro de 2025

A Menina do Capuchinho Vermelho no Século XXI

A história inícia-se com a apresentação da primeira personagem, um menino chamado João. Este está entretido a ler a história tradicional da menina do Capuchinho Vermelho, a qual lhe pede, durante a leitura, para a transportar para a atualidade, o século XXI.

Uma vez chegada a casa do amigo João, mostra a sua total admiração e espanto com todas as tecnologias do mundo que o rodeia. Tudo muito diferente do seu ambiente simples e natural.

Seguidamente o menino convida-a para fazerem uma visita à sua avó Maria. No trajeto passam pelo supermercado e quase são atropelados por um automóvel. A menina continua a estranhar o ambiente da cidade moderna: os grandes supermercados, o trânsito e o perigo que este representa, o facto de os bolinhos não ser confecionados em casa e também a existência do vídeo porteiro, à entrada da casa da avozinha.

A avó do João recebeu-os com muita simpatia e entusiasmo por conhecer a menina do Capuchino Vermelho. Esta ofereceu-lhe o pão-de-ló, feito com ovos das suas galinhas, que estava destinado à sua avozinha. Durante o lanche, a avó Maria recebeu um telefonema por parte do Senhor Costa a convidá-los para uma visita à Reserva do Lobo Ibérico.

A Capuchinho, quando ouviu falar em lobos, se já estava confusa com tudo o que via à sua volta, ficou apavorada de medo.

Quando iniciam a viagem em direção à Malveira, no jipe do Senhor Costa, pelo caminho observam as florestas queimadas, pelos incêndios, e as povoações quase desertas, o que muito entristeceu a protagonista da história.

Uma vez chegados a uma clareira na floresta, onde se encontrava a Reserva do Lobo Ibérico, a menina sentiu-se em casa, embora amedrontada pela presença dos lobos, dentro do cercado, perante esta nova realidade, onde os lobos não são inimigos, mas têm que ser protegidos. Os dois amigos, decidem apadrinhar dois lobinhos contribuindo para a manutenção das espécie, que se encontra em vias de extinção, adotando um papel ativo na sustentabilidade do planeta. A menina Capuchinho já reconciliada com os seus velhos inimigos, sente-se indecisa do caminho a tomar.

Será que a personagem central vai querer permanecer nesta nova realidade ou  regressar à velha história tradicional?


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Trabalho realizado pela turma 4SA:

Benedita Costa; Constança Santos; Derick Pereira; Eduarda Varela; Eva Barbosa; Fabrício Pacheco; Francisca Melo; Francisco Brito; Francisco Seabra; Gonçalo Borges; Gustavo Neves; Ivo Leal; Júlia Costa; Lara Santos; Lourenço Santos; Marcelo Dinis; Maria Carolina Sousa; Martim Gaspar; Mateus Monteiro; Rodrigo Fontes; Rui Lourenço Nunes; Sara Teixeira; Sofia Bessa; Tómas Queiróz e Vicente Maria Ferreira 

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Tu és Tu!


Um livro cheio de cor e magia escrito por Peter Reynolds. Um livro adequado a todas as idades. 
Devias experimentar este livro, porque te faz sentir único e especial. Este livro vai ajudar-te a compreender quem és tu.
Tu não deves seguir os caminhos dos outros, pelo contrário, deves traçar o teu próprio caminho e escutar o teu coração. Deves ser leal a ti próprio. 

Dá um passo em frente, nunca olhes para trás, segue o teu futuro, porque nasceste para seres TU. Ama-te a ti próprio.

Podes sempre pedir uma ajuda extra, quando te sentres solitário, haverá sempre alguém que gosta de ti assim como TU ÉS.

Nunca dependas dos outros, depende só de ti. Acredita em ti. Mesmo quando as dificuldades forem muitas, nunca desistas, tenta, tenta e continua a tentar. 

Vais conseguir. 

Quando os problemas aparecerem na tua vida, deves enfrentá-los e ser corajoso para os superares. Conhece melhor quem te rodeia de forma a encontrares as pessoas com quem te identificas mais, aquelas que têm os mesmos gostos que tu, ou seja, as que te compreendem e que te ajudam a seres quem TU ÉS de verdade.  

Nesta obra inspiradora, somos incentivados a explorar o mundo com curiosidade, a levantar todas as pedras, a fazer todas as perguntas e a continuar a escavar fundo até descobrirmos as nossas próprias respostas. Porque crescer é também questionar e aprender. Lê Tu És Tu! e inspira-te. Pensa pela tua cabeça, traça o teu caminho e acredita no teu valor. Um pequeno livro, mas gigante na sua mensagem!

 “O mais importante é que tu sejas sempre TU."



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Trabalho realizado pela turma 4CVC: 

Aziz Srarfi; 
Daniel Martins;  Ísis Moreira;  Israel Santos;  Dinis Carvalho;  João Ricardo;  Leonardo Ferreira;  Leonor Bessa;  Letícia Alves;  Lourenço Barros;  Luísa Lopes;  Rita Carneiro;  Maria Nogueira;  Maria Oliveira;  Mariana Silva;  Martim Barros;  Rodrigo Barros;  Sofia Gomes e  Yasmine Nikiema 

Ensaio Sobre a Cegueira


Ensaio sobre a Cegueira é uma obra de José Saramago que me surpreendeu pela sua originalidade (ou realidade).

Tal como o próprio título, este livro é um ensaio sobre o homem e as relações humanas num mundo afetado por uma cegueira coletiva.

Sem razão aparente, o mundo é atingido por uma pandemia, a cegueira branca, e os homens organizam-se para sobreviver no meio do caos.

Os humanos afetados são enclausurados num antigo manicómio. Grupos de indivíduos formam-se para tirar proveito e vantagem da situação. Algumas pessoas guiadas pela esposa do médico, a única personagem que consegue ver, tentam escapar às amarras impostas por um grupo totalitário.

É uma ficção sobre uma cegueira apocalíptica que pode ser facilmente transportada para a realidade como o relato de qualquer ser humano a tentar sobreviver à pandemia Covid 19, ao tsunami de 2004 ou ao furacão Katrina em Nova Orleães.

Por vezes os comportamentos humanos reduzem-se a instintos básicos de sobrevivência como no livro de William Golding “O Deus das Moscas”.

Este livro é uma sátira à sociedade e como os seus valores podem ser facilmente relegados…

Mas no meio do caos ainda haverá a centelha da esperança?

 

Ricardo Silva
(Presidente da Associação de Pais da EBSRebordosa)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

PRÉMIO CAMÕES 2024

 ENSINAMENTO

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. 
Não é.
A coisa mais fina do mundo é o sentimento.
Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo:
"Coitado, até essa hora no serviço pesado".
Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente.
Não me falou em amor.
Essa palavra de luxo.



Adélia Prado
(Poetisa, Professora, Filósofa, Romancista e Contista, ligada ao Modernismo.
Considerada a maior Poetisa viva do Brasil) 


Poesia é quando uma emoção encontra seu pensamento e o pensamento encontra palavras.
Robert Frost

(Publicação de  Maria Manuel Guedes)

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

O Papalagui

 

Espelho meu, espelho meu…

Tão simples que até uma criança o poderá compreender. O Papalagui, livro publicado em 1910 pelo escritor alemão Erich Scheurmann (Hamburgo, 1878 -Armsfeld, 1957), oferece-nos uma apreciação fascinante e atualíssima da civilização ocidental sob a perspetiva de uma mente despida de preconceitos e intimamente ligada àquilo que verdadeiramente deve assumir o protagonismo nas nossas vidas.

Estruturada segundo a forma de uma breve coleção de discursos proferidos pelo chefe de uma tribo samoana que visitou uma cidade ocidental, este pequeno livrinho destaca, contudo, o paradoxo em que todos vivemos: temos demasiado do que não precisamos, lutamos por um conceito falso de felicidade, vivendo permanentemente infelizes e insatisfeitos a olhar com inveja por cima do ombro ou para os lados, porque apenas ambicionamos o que ainda não comprámos. E para quê? De que necessitamos verdadeiramente para viver em harmonia connosco e com o mundo? Em que valores assenta a nossa sociedade? Seremos, afinal, assim tão civilizados e evoluídos? Estas são algumas das questões com as quais nos depararemos ao “ouvirmos” os discursos partilhados generosamente pelo chefe de tribo de Tuiavii de Tiavéa aos seus conterrâneos.

Testemunhos da vida do Homem Branco europeu, tão simples e caricatos que “nós, homens brancos e esclarecidos”, como refere o autor, seremos obrigados a sorrir e depois a refletir sobre a bizarria e vacuidade de muitos dos nossos comportamentos diários. Ilustrado com imagens cativantes muito próximas das de uma banda desenhada, a edição da Antígona de O Papalagui lê-se naturalmente com curiosidade e agrado, num instante, é certo, mas nunca mais se esquece.

Natália Pinto
Docente de Português
(Coordenadora do Plano Cultural de Escola)
 (Responsável pela Revista do AEVilela)

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

A Amiga Genial


Este livro marcou-me porque, apresenta personagens complexos e realistas, especialmente Lila e Elena, cuja amizade oferece uma rica exploração das dinâmicas humanas.

Ferrante utiliza uma prosa envolvente e poética, que cativa o leitor e o faz mergulhar na história e nas emoções das personagens.

"A Amiga Genial "é o primeiro livro da quadrilogia "Napolitana", escrita pela autora italiana

Elena Ferrante. A narrativa se passa em Nápoles, Itália, e acompanha a amizade entre duas mulheres, Elena Greco e Raffaella Cerullo, desde a infância até a vida adulta.

O romance começa com Elena, a narradora, refletindo sobre sua amizade intensa e complexa com Raffaella, também conhecida como "Lila". Ambas cresceram num bairro operário de Nápoles na década de 1950, enfrentando as dificuldades e as dinâmicas sociais da época. Enquanto Elena é uma aluna aplicada e sonha com um futuro distante do seu ambiente, Lila é uma personalidade mais rebelde, que luta contra as limitações impostas pela sua família e pela sociedade.

A história explora temas como a amizade, a rivalidade, a luta pela identidade, a condição feminina e as mudanças sociais e políticas da Itália pós-guerra. À medida que as protagonistas se tornam adultas, suas vidas tomam caminhos distintos, mas a conexão entre elas permanece forte, refletindo as complexidades e as tensões que caracterizam a relação.

"A Amiga Genial" é, assim, uma obra profunda que retrata não apenas a amizade entre duas mulheres, mas também as nuances de classe, gênero e cultura em um período de grandes transformações. A escrita de Ferrante é intensa e envolvente, capturando a essência das emoções e das experiências humanas.

Carmen Teixeira Miranda
Docente de Matemática 
(Coordenadora do Departamento de Matemática e Ciências Experimentais)

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

O Vendedor de Felicidade

 


Será que a felicidade pode ser comprada?

Pergunta pertinente a exigir outra: quem a vende e onde?

Para saber a resposta é só ler o livro O Vendedor de Felicidade de Davide Calì e Ilustração de Marco Somà.

Não faltam compradores! Pois, a felicidade muito importante na nossa vida!

Esta obra aborda o conceito da busca pela felicidade como um bem ou serviço que todos desejam, mas que, na verdade, é subjetivo e pessoal. A felicidade, como tema central, é apresentada de forma delicada, sugerindo que ela não é um produto padronizado, mas algo que depende das experiências, escolhas e perspetivas de cada indivíduo. Procure o livro numa das nossas bibliotecas e encante-se!

Gracinda Moreira
Docente de Português 
(Professora Bibliotecária)

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Eichmann em Jerusalém – Um Relato Sobre a Banalidade do Mal


É sempre possível concordar ou discordar de uma narrativa, sem que isso nos faça demarcar ou rever em tudo, não nos deixando ir por ondas de arrasto. Deixo duas sugestões de leitura da filósofa alemã, Hannah Arendt. Dois textos no âmbito da filosofia política, com reflexões sobre o comportamento instrumentalizado do cidadão nos regimes totalitaristas. “As Origens do Totalitarismo”, um livro em que a autora analisa as origens históricas e os pontos comuns dos principais regimes totalitários do séc. XX. “Eichmann em Jerusalém – um relato sobre a banalidade do mal”, com base no julgamento de Adolf Eichmann, funcionário colaborador do regime nazi, responsável pela logística dos transportes de prisioneiros. Nestes textos, com os factos e reflexões que a autora reporta ao processo de Eichmann, em artigos para a revista “The New Yorker”, é abordado um dos mais mediáticos julgamentos de um colaborador do regime nazi. Segundo a autora, no decorrer do processo vai surgindo o rosto do " comum funcionário burocrata, não revelador do monstro sanguinário"; que todos esperavam ver. Aí é problematizada o conceito:"banalidade do mal";. Com a reflexão filosófica de base, Hannah Arendt analisa a possibilidade de um Estado igualar a violência, ao exercício comum do cumprimento de um papel burocrático. Questão que se torna o centro da obra, com os pontos de confluência das responsabilidades ética e legal, de um cidadão que, na sua defesa em tribunal, alegava ter praticado uma ação conforme a ordem legal vigente. Neste seu testemunho enraizado nos factos, com uma visão abrangente e de expectável controvérsia, a autora deixa-nos pano de fundo para uma reflexão mais séria sobre atos de violência que se escondem por trás de um cumprimento cego sob o jugo de uma autoridade. Um alerta para os perigos da massificação da opinião pública, como consequência da ausência de pensamento crítico. Um apelo à memória e responsabilidade coletivas, em relação ao que se vai tornando presente. Um cenário de esperança, também, num apelo implícito ao reforço de um sistema de ensino atento à formação de cidadãos esclarecidos, informados, interventivos e críticos. As obras trazem-nos uma realidade bem mais complexa do que o binómio bem/mal. Além disso, as nuances das cores com que se pinta parecem depender da forma como se consegue ver e analisar os factos, na busca de uma visão imparcial e crítica, com a consciência da complexidade das interações humanas e da responsabilidade moral do sujeito.

https://youtu.be/06jufTlnFbU?si=KjXrrX9Jl0NHAmU4

Paula Ribeiro
Docente de Filosofia
(Coordenadora do Departamento de Ciência Sociais e Humanas)

sábado, 8 de fevereiro de 2025

Os Irmãos Karamazov

 

Aquele livro que, profundamente, me marcou, desde a primeira vez que o tive e li, num só volume, na edição do Círculo de Leitores (1981), foi Os Irmãos Karamazov de Dostoievski.
Aquele que termina assim:
“[...]
– Com certeza, Ressuscitaremos, tornaremos a ver- nos, para contar uns aos outros tudo quanto se passou – respondeu Aliocha, meio a rir, meio sério.
– Há-de ser bom! Disse Kolia.
– E agora, já falamos demais. Vamos ao repasto fúnebre. Não se preocupem com o facto de comermos filhoses. É uma velha tradição que tem o seu lado de aceitável – volveu Aliocha, sorridente. – E agora vamos de mão dada.
– E sempre assim, toda a vida de mão dada! Hurra por Karamazov! – insistiu Kolia, entusiasmado. E todos os pequenos repetiram as aclamações.”
Disse Janko Lavrin (“Dostoievski”. Círculo-Leitores: 2003:7):
“Se considerarmos que uma das funções da Arte é alargar e aprofundar a nossa recepção da realidade, do homem e da vida, não podemos hesitar em colocar Dostoievski como artista ao nível de um Shakespeare. Dificilmente encontraremos outro autor, cuja necessidade de revelar os segredos da consciência humana com todos os seus medos, contradições e conflitos dramáticos seja tão impetuosa como a de Dostoievski [...]”
Tinha 15, 16 anos quando esbarrei (é o termo) com os vários livros dele que havia lá por casa dos meus pais: Crime e Castigo, Os Possessos, Está Morta, Noites Brancas, Humilhados e Ofendidos, Pobre Gente, Recordações da Casa dos Mortos, Notas do Submundo e O Idiota, que me chamou a atenção, que não li, mas que quero ler.
Os Irmãos Karamazov foi a maior revelação, para mim (nessa altura e para sempre) da Literatura.
E esquecendo Ivan (o meu preferido dos 3 “Irmãos Karamazov” e, com ele, “O Inquisidor-Mor”), e Dmitri (o outro lado do homem – ou da vida), fixemos aqui o epílogo do romance – esse final extraordinário, luminoso, paradoxal – juntando-nos a Aliocha, no enterro de Iliucha:
“[...] Karamazov – perguntou Kolia –, é verdade o que diz a religião, que nós ressuscitamos de entre os mortos, que tornaremos a ver-nos uns aos outros e todos a Iliucha?
– Com certeza. Ressuscitaremos, tornaremos a ver-nos, para contar uns aos outros tudo o que se passou – respondeu Aliocha, meio a rir, meio a sério.
– Há-de ser bom – disse Kolia.
– E agora, já falámos demais. Vamos ao repasto fúnebre. Não se preocupem com o facto de comermos filhoses. É uma velha tradição que tem o seu lado aceitável – volveu Aliocha, sorridente. – E agora vamos de mão dada.
– E sempre assim, toda a vida, de mão dada” Hurra por Karamazov! – insistiu Kolia, entusiasmado. E todos os pequenos repetiram as aclamações.”
Ou, se preferirem, outro final – o de Notas de Submundo, com uma “verdade” que tomo como (quase) minha:
“[...] Deixem-nos sem livros e ficaremos de imediato perdidos e confusos. Não sabemos ao que nos juntar, ao que nos agarrar, o que amar e o que odiar, o que respeitar e o que desprezar. Estamos oprimidos por sermos homens – homens com um verdadeiro corpo individual e verdadeiro sangue, temos vergonha disso, pensamos que é uma desgraça e tentamos chegar a ser uma espécie de homem generalizado e impossível (…). Em breve, tentaremos de alguma forma nascer de uma ideia. Mas basta. Não quero escrever mais do «Submundo».”
Esquecendo, por momentos, toda a bravata de Trumps e chapéus de Melanies, pondo entre parênteses bagagens e arrudas, façamos um minuto de silêncio e recordemos Fédor Dostoievski ouvindo Hipólito Kirilovich, no “seu canto do cisne”, a interpretação dessas vozes diferentes, mas conjugadas – interpretadas em pleno tribunal:
“ – Que é pois esta família Karamazov, que alcançou de súbito tão triste celebridade? Talvez eu exagere, mas afigura-se-me que ela resume certos traços fundamentais da nossa sociedade
contemporânea, em estado microscópico (…). Vejam este velho libertino, este “pai de família” que morreu infaustamente (…). Completa ausência de sentido moral, inextinguível sede de viver. Além dos prazeres sensuais, mais nada existe, eis o que ele ensina aos filhos (…). Vejamos os filhos deste homem (…) Ivan é um rapaz moderno, bastante instruído e inteligente, que não acredita em nada e já renegou muitas coisas, como o pai (…) Segundo ele, tudo é permitido (…). O mais novo, ainda adolescente, é piedoso e modesto. Ao inverso da doutrina sinistra do irmão, tende para os «princípios populistas», ou o que assim se chama em certos meios intelectuais. (…) Encarna, parece-me, inconscientemente, o desespero fatal que leva muitos jovens da nossa infeliz sociedade (por medo do cinismo corruptor e porque atribuem, sem razão, todos os nossos males à cultura ocidental), a regressar, como eles designam, ao «torrão natal» e a lançar-se, por assim dizer, nos braços da terra mãe (…). O primogénito desta família está no banco dos réus As suas aventuras desenrolam-se diante de nós. Chegou a hora de tudo aparecer em pleno dia. Ao inverso dos irmãos (um ocidentalista e outro populista), este representa a Rússia no estado natural (…). Há em nós uma aliança espantosa do bem e do mal…”
Assim, de facto, inscrevi, na minha juventude, esta “marca” para a vida que vai ressurgindo, em formas diferentes, em dias sucessivos de anos diversos, mas que se tornou símbolo forte para mim:
Dostoievski – marca maior da literatura, um dos maiores génios, dentro do “meu” cânon Universal: Dostoievski, Shakespeare, Camões, Fernando Pessoa, Cervantes, Proust e Borges (sem qualquer tipo de ordem).
Dostoievski morreu (fisicamente) no dia 9 de Fevereiro, do ano de 1881, mas permanecerá, profundamente como se esta citação de Noites Brancas surgisse para explicar o que senti
“Meu Deus! Um instante de completa felicidade não basta já para uma vida inteira?”

Paula Castelo Branco
Docente de Português
(Coordenadora do Departamento de Línguas)