Luís
Sepúlveda foi um escritor, realizador, jornalista e ativista político chileno.
Nasceu a 4 de outubro de 1949 no Chile e faleceu a 16 de abril de 2020 em
Oviedo, Espanha. A sua bibliografia, com mais de 20 títulos, inclui livros
reconhecidos mundialmente como “O velho que escrevia romances de amor” e
“História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar”, ambos adaptados ao
cinema.
E
é mesmo esta última obra que escolhi para apresentar, pois é um dos meus livros
preferidos. A obra “História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar” é
uma fábula em que podemos ver nos animais os princípios básicos da vida humana:
valores como honrar os compromissos assumidos; a valorização do espírito de
grupo e da amizade; o respeito pela diferença; o poder do saber e da harmonia entre
as espécies; a preservação do ambiente e a defesa dos direitos dos animais.
Valores tão esquecidos, tão deturpados e tão desprezados atualmente. E foi
precisamente por isso que escolhi este livro.
Zorbas,
um gato grande preto e gordo, mora perto do porto de Hamburgo e, durante umas
férias, fica sozinho em casa. Um dia, aterra na sua varanda uma gaivota
moribunda, apanhada por uma maré negra. Antes de morrer, esta põe um ovo e
obriga Zorbas a assumir três promessas: não comer o ovo, tomar conta da sua cria
e ensiná-la a voar. Sem compreender a responsabilidade e a dificuldade da sua
missão, Zorbas concorda, empenhando-se na educação da gaivota, Ditosa, com a
ajuda dos seus fiéis amigos. Através das informações das enciclopédias de
Sabetudo e a boa vontade do grupo, juntamente com o sentido de dever e de
honrar a palavra dada, os gatos têm pela frente uma difícil tarefa, cheia de
peripécias para levar a cabo a tarefa de educar Ditosa.
Ditosa
é bem aceite e acarinhada pelo grupo, e, consequentemente, começa a achar que é
um gato também. Assim, é com estranheza que vê os esforços dos amigos em
educá-la e transformá-la numa verdadeira gaivota. No entanto, a sua verdadeira
natureza prevalece e, também, ela sente o desejo de voar. Numa noite chuvosa,
com a ajuda de um humano, o Poeta, Ditosa finalmente abre as suas asas, segue o
seu destino e voa, deixando Zorbas emocionado, mas feliz, porque a sua amiga
segue o seu caminho e ele cumpriu a sua palavra de gato.
Esta
fábula é uma história fantástica de amizade e perseverança, uma mensagem de
esperança: ao preparar a gaivota para a vida e conduzi-la no melhor caminho,
enfrentando várias aventuras e dificuldades, Zorbas mostra-nos que a
convivência entre mundos diferentes é possível. As personagens animais espelham
a Humanidade, são o nosso reflexo e representam a integração necessária a uma
humanidade cada vez mais focada e fechada em si mesma.
Devemos
aprender com a gaivota a deixar ir, a voar para tentar realizar os nossos
sonhos, e com o gato a amar o outro, o que aparentemente é diferente de nós,
porque “Só voa quem se atreve a fazê-lo.”
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